Cultura do cancelamento: Como esse movimento afeta a nossa saúde mental

O ato de cancelar uma pessoa surgiu na internet como uma maneira de demonstrar que algumas opiniões e atitudes não podem ser admitas em um ambiente respeitoso. Piadas preconceituosas, termos ofensivos às minorias, comportamento inadequado são algumas das pautas que servem como base para a cultura do cancelamento, que ganha novos patamares, agora com o BBB21.

No artigo de hoje vou falar como esse movimento pode afetar a saúde mental não apenas dos cancelados, mas como de quem cancela. Não deixe de ler.

 

Entendendo a cultura do cancelamento 

O cancelamento pode ser visto hoje como uma maneira de buscar justiça, algo como um conto de Robin Hood da moralidade.

Trata-se de um sentimento comum em todos nós, achar que alguém pagou menos do que devia por suas atitudes. De certa forma, a cultura do cancelamento seria uma maneira de buscar uma justiça que não estivesse atrelada apenas as amarras jurídicas da sociedade.

Aos que julgam e consequentemente cancelam, acabam por forçar uma sentença que lhes agrada, e muitas vezes a imparcialidade toma conta do ambiente, afinal, na maioria das vezes o cancelado não é ouvido e não tem direito de defesa e/ou resposta.

O impacto da cultura do cancelamento na saúde mental 

Por ser uma atitude nova, ainda não existem muitos estudos acerca dessa nova atitude. No entanto, é fácil concluir que a cultura do cancelamento traz impactos à saúde mental tanto de que quem é cancelado, quanto de quem cancela.

Embora seja um movimento com ampla atuação no ambiente, os efeitos psicológicos se dão no mundo real.

Saúde mental dos cancelados 

A simples tentativa ou o êxito de cancelar alguém no ambiente virtual, acaba por ter proporções na vida offline.

De acordo com psicólogos, embora não seja algo obrigatório, os cancelados podem desenvolver sintomas semelhantes aos apresentados por pessoas que sofrem bullyng, como distúrbios psicossomáticos, tais como dor de cabeça, alterações intestinais, além de sintomas psicológicos, como alterações de sono, pensamentos destrutivos que podem culminar em quadros de ansiedade e depressão.

Quem cancela também é afetado 

Embora muitos possam discordar, os canceladores também podem sofrer impactos e em sua saúde mental.

É muito mais fácil criticar alguém de maneira remota, uma vez que o outro está impossibilitado de se defender e explanar o seu ponto de vista.

Assim, em um curto período, os canceladores sofrem com a perda de habilidade de interação na vida real, por agir com essa agressividade no seu “universo virtual”.

A cultura do cancelamento como violência psicológica 

A cultura do cancelamento é sim, uma forma de violência psicológica que pode ser utilizada independentemente de etnia, gênero, status social que busca ao mesmo tempo apagar, inviabilizar, desqualificar, apedrejar e silenciar emocionalmente o cancelado.

Essa forma de agir deixa evidente um conjunto de ideias, assim como serve como combustível para discursos de ódio cada vez mais frequentes.

BBB21: Uma vitrine da cultura do cancelamento 

Como todo ano ocorre, o reality show da Globo atinge altos picos de audiência e o que se viu até agora, reflete e reforça tudo o que dissemos até agora e com um agravante: o confinamento.

De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, qualquer tipo de confinamento pode causar sentimentos variados como tédio, raiva, angústia ou ansiedade.

Some-se a esse confinamento o excesso de estímulos visuais (paredes coloridas), castigos com horários definidos, jogos da discórdia e restrição alimentar e temos literalmente uma bomba relógio.

Até agora o BBB21 nos deu uma aula de cancelamento, no mundo real e virtual. Dentro da casa, participantes se impondo psicologicamente sobre outros, de maneira inapropriada do ponto de vista de saúde mental, importante reiterar.

E para completar e dar continuidade ao movimento cancelador, o público faz justiça com as próprias mãos votando para eliminar agressores ou defender seus protegidos, agredindo quem pensa diferente nas redes sociais: Um literal ciclo sem fim de violência psicológica.

karol conka bbb 21 cancelada

Dormir tarde faz mal 

E para finalizar é preciso reiterar que tão lesivo à saúde mental quanto a cultura do cancelamento é o fato de dormir tarde.

O BBB 21 começa a passar após as 22h30 e quem fica assistindo, além de ser contaminado toxicamente com os canceladores e cancelado pode ter o sono afetado pela luminosidade da TV que afeta diretamente a produção de melatonina.

Com uma produção deficiente de melatonina, substância conhecida como hormônio do sono, a qualidade do sono é diretamente afetada, dando origem à uma série de problemas de saúde como insônia, ansiedade, ganho de peso, aumento de pressão arterial que a longo prazo podem culminar até mesmo em um câncer.

E concluindo… 

Minha sugestão como clínico geral é simples: sempre que possível dê espaço ao diálogo. Debata, não discuta e ouça o que os outros têm a dizer. Ao se deparar com algo no feed de suas redes sociais com o qual não concorde ou que lhe faça mal em termos de saúde de saúde mental pratique o funcional unfollow terapêutico.

E por último, mas não menos importante vá dormir cedo. Não apoie uma cultura que se apoia em verdades únicas que não dá espaço a debates.

E já que esse é um tema um tanto quanto complexo e repleto de divergências eu gostaria de saber a sua opinião. O que você pensa sobre a cultura do cancelamento? É a favor? É contra? Já você já cancelou alguém? Deixe um comentário para que possamos conversar sobre o assunto de maneira mais aprofundada.

 

 

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